Para que serve o treinamento isométrico?

O treinamento isométrico (ou estático) é a ação muscular durante a qual não ocorre nenhuma alteração no comprimento total do músculo, ou seja, sem movimento visível na articulação. Os exercícios isométricos começaram a chamar a atenção do público quando Steinhaus (1954) introduziu o trabalho de dois alemães, Hettinger e Muller (1953) que demonstrava ganhos de força isométrica de 5% por semana com um treino realizado com ação isométrica diária de 66% da força máxima com 6 segundos de duração.

Respostas cardio vasculares

A elevação da frequência cardíaca ocorre abruptamente no início do exercício isométrico sendo que a magnitude pode estar diretamente relacionada com os níveis de tensão muscular. A magnitude da resposta da freqüência cardíaca durante o exercício isométrico está relacionada com a massa muscular, tensão e duração desenvolvidas durante a contração.
A contração isométrica provoca grande sobre carga e aumenta a atividade simpática, sendo assim, a prescrição de exercícios exclusivamente isométricos deve ser evitada em programas de reabilitação cardio vascular. No entanto,alguns estudos tem relatado que esse tipo de treinamento modifica alguns fatores de risco cardio vascular (reduz pressão arterial, melhora a função endotelial e aumenta a variabilidade da freqüência cardíaca) em pacientes com hipertensão arterial.

Frequência de treinamento

O treinamento diário com exercício isométrico é mais efetivo que treinamentos menos frequentes. Hettinger(1961) calculou que dias alternados de treinamento isométrico são 80% tão efetivos quanto sessões de treinamento diárias e que uma sessão semanal possui40% da efetividade.

Hipertrofia muscular

O treinamento isométrico provoca aumentos na hipertrofia a adaptações neurais, as quais aumentam a força. A hipertrofia muscular das fibras do tipo I e II ocorre a partir do treino isométrico com ações musculares máximas e submáximas. Assim como os aumentos na força isométrica, a oclusão vascular e o aumento resultante dos metabólitos intramusculares podem estar relacionados com um maior aumento na área de secção transversa do músculo com ações isométricas de longa duração.

Especificidade do ângulo articular


Os ganhos na força ocorrem predominantemente no ângulo em que está sendo realizado o treinamento isométrico. O treinamento isométrico dos extensores do cotovelo no ângulo de 90º resulta em um aumento da AMVM isométrica nesse ângulo. Entretanto existe um pequeno aumento da força em 20º acima e abaixo do ângulo de treinamento.

O treinamento no ângulo de 80º resulta em transferência de aumentos de força ao longo de uma ampla faixa de ângulos, enquanto o treinamento nos ângulos de 25º a 120º resta em transferência bem menor a outros ângulos. A especificidade do ângulo articular é mais evidente quanto o treinamento é realizado com o músculo na posição encurtada (ângulo de 25º) e ocorre em menor extensão quanto o treinamento ocorre com o músculo em posição alongada (ângulo de 120º).

Quando o treinamento ocorre num ponto central de uma amplitude de movimento articular (ângulo de 80º) a especificidade pode ocorrer por toda a amplitude de movimento.

Desempenho Motor


O treinamento isométrico (em um único ângulo articular) pode não resultar em aumentos do desempenho motor dinâmico. Portanto, a realização de ações isométricas em intervalos de 10 a 20º ao longo de toda amplitude de movimento auxilia na transferência dos ganhos de força isométrica para as ações dinâmicas.

Considerações
Em todos os treinamentos de força, a manobra de Valsalva pode resultar de uma resposta de pressão arterial exagerada durante o treinamento. Isso deve ser desencorajado durante o treinamento isométrico! A resposta da pressão arterial elevada durante o exercício isométrico para grandes grupos musculares envolvendo contrações de alta intensidade pode diminuir a função ventricular esquerda/ fração de ejeção).

Esses fatores precisam ser considerados quando ações são realizadas por indivíduos com função cardiovascular comprometida como em treinamento de idosos. Exercite-se!

Referência:
FLECK, S. J. Fundamentos do treinamento de força muscular / Steven . Fleck, William J. Kraemer; tradução Jerri Luiz Ribeiro – 3. Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2006. Greiciely Lopes Diretora geral do www.exercite-se.com. Mestre em Fisiologia da Performance atuando há 6 anos como avaliadora física e professora de musculação/ personal trainer, realizando o planejamento e prescrição de treinamentos específicos.

Publicada por Prof. Claudio Bolanho em Sexta-feira, Outubro 14, 2011
Etiquetas: Fisioterapia

Fonte: Greiciely Lopes
- Diretora geral do www.exercite-se.com -

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